Muito, muito distante daqui havia uma aldeia. A aldeia ficava no meio das montanhas, rodeada de florestas, riachos, pássaros e borboletas. Ali o sol demorava a chegar pelas manhãs e ia embora logo cedo.
Naquela aldeia havia um menino sonhador.
Ele falava com as matas, com os riachos, com as borboletas.Sempre que o menino queria sonhar ou estava pensativo, ou triste ele saia de sua cabana e ia sentar-se à beira do pequeno riacho.
O menino sonhava em sair da aldeia, visitar, morar em países, em aldeias distantes. Naquela aldeia, pensava, não lhe cabia mais. Estava cansado do dia a dia, das pessoas que só “pensam em nascer, em morrer”. Queria conhecer novas pessoas, brincar com novos amiguinhos, queria saber de novas histórias. Parecia que tudo ali era pequeno!
Certo dia, sentado na beira do riacho, estava calado, pensativo, quase taciturno. Parecia que não ouvia mais o som das florestas, o canto dos pássaros, era como que todo o encanto de sua inocência tivesse se perdido. Estava triste.
De repente, surgiu a sua frente uma bela borboleta, daquelas que somente a magia pode criar.
- O que tens, meu menino, porque estás triste? O que te incomoda?
Perguntou-lhe a borboleta.
- Ah, borboletinha, estou triste porque não posso voar. Não posso ser como você que voa para onde quer, podes conhecer o mundo. Eu nada posso, fico apenas nesta minha aldeia, vendo as mesmas coisas. Queria conhecer o mundo!
A borboletinha, pensou, pensou e lhe respondeu:
- Não fique triste, você também pode ter asas. Sabia? Venha comigo que eu lhe mostrarei uma coisa.
Assim, a borboleta ia voando, voando e o menino atrás dela. Até que chegaram a um campo, na clareira da floresta. Então ela baixando-se, mostrou-lhe uma folhinha verde onde havia botados os seus ovinhos. Não havia mais ovinhos, somente lagartinhas, que se mexiam por sobre as folhagens.
- Veja, são meus filhotes! Não são belos?
Qual susto o menino não tomou, ao ver aquelas lagartinhas. Imaginava que veria uma infinidade de borboletinhas amarelas...
- Isso não são borboletas – disse-lhe, são lagartas!
Ao que ela retrucou.
- São borboletas em fase de crescimento, elas já foram ovos, larvas, crisálidas e em breve criarão belas asas e voarão pelo mundo! Assim são as borboletas, elas passam permanentemente por fases de transformação, até que dia, quando adultas, poderão seguir o seu caminho, voar por outros campos, outras matas, ir para longe, fecundando as flores, ou ficar em sua mata nativa, dando vida à natureza, encontrando sua própria lenda.
O menino encantou-se, com as palavras de sua amiguinha, e assim compreendeu que precisava deixar de ser um casulo resmungão, deixar que as asas de sua imaginação crescessem, assim ele poderia, como as lindas borboletas, voar para onde bem quisesse, livre, e buscar o seu próprio sonho, sua lenda pessoal, mesmo que fossem nas flores de seu próprio quintal, de sua própria aldeia.
Assim, ele voltou alegre para casa, imaginando que a magia do tempo lhe daria asas para voar!.
CONTO CRIADO POR WASHINGTON LUIZ PEIXOTO VIEIRA, COM DIREITOS AUTORAIS NA FORMA DA LEI Nº 9.610, POSTADO INICIALMENTE EM 2011