ALVES PEQUENO E CORREIA DE SAMPAIO: RAÍZES LUSO-PERNAMBUCANAS E A EXPANSÃO FAMILIAR NO NORDESTE COLONIAL
Por Washington Luiz Peixoto Vieira
O CASAL-TRONCO E SUAS ORIGENS
O coronel Luís Alves Pequeno (n. 1692), natural da freguesia de São Salvador de Nuzedo, concelho de Valpaços, em Portugal, casou-se por volta de 1732 com Maria Correia de Sampaio (n. 1715), natural da freguesia de Nossa Senhora da Penha de França da Taquara, em Pernambuco.
Esse enlace uniu a tradição portuguesa de pequenos proprietários e militares às famílias pernambucanas do interior, fundando uma ampla descendência que se expandiria por todo o Nordeste. Luís e Maria são reconhecidos como o casal patriarcal das famílias Alves Pequeno, Lopes Pequeno, Gomes Pequeno, Sampaio e Valença, que se fixaram em áreas do Cariri paraibano, Seridó potiguar, Cariri cearense e Agreste pernambucano, como veremos abaixo.
OS FILHOS DO CASAL-TRONCO
Félix Gomes Pequeno, nascido em 1735, casou-se com Adriana de Hollanda Vasconcelos.
Antônia Alves Pequeno, nascida em 1737, faleceu antes de 1793.
Capitão Luís Alves Pequeno, nascido em 1734, casou-se com Clara Teresa de Jesus.
Águeda Maria de Jesus, nascida em 1738, casou-se com Antônio Gomes da Silveira Taborda.
José Francisco Alves Pequeno, nascido em 1741.
Maria José dos Milagres, nascida em 1743, casou-se com Francisco Teixeira Mendes, radicaram-se em Patos, na Paraíba e depois no Icó, no Ceará;.
Francisco Alves Pequeno, nascido em 1745, casou-se com Maria Izidora.
Luísa Maria de Jesus, nascida em 1746, casou-se com José Moreira Teixeira Mendes.
Mariana José do Nascimento, nascida em 1747, casou-se com Alexandre José Carvalho, natural do Recife.
Ana Alves Pequeno, nascida em 1750, casou-se com Antônio José de Castro.
Clara Alves Pequeno, nascida em 1740, filha de Maria Álvares, casou-se com José de Pontes da Silva.
Esses onze ramos familiares se espalharam pelos sertões da Paraíba, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte, e seus descendentes viriam a integrar novas linhagens locais, entre as quais se destacam os Teixeira Mendes, Rolim, Vila Seca, Gomes da Silveira, Valença, Lopes Galvão e Sampaio.
AS MIGRAÇÕES E O POVOAMENTO
O livro Pelos Caminhos dos Alves Pequeno e Correia de Sampaio: dos Cariris Velhos aos Cariris Novos registra detalhadamente os deslocamentos desses descendentes desde Goiana e Taquara, em Pernambuco, rumo aos Cariris Velhos e Novos, ao Brejo paraibano, ao Seridó potiguar e ao Cariri cearense, chegando inclusive a Icó (CE) e a São Bento do Una (PE).
Essas migrações acompanharam o avanço da pecuária e da agricultura pelo interior nordestino, formando redes familiares que deram origem a fazendas, capelas e freguesias — núcleos de poder que definiram o mapa humano e social da região nos séculos XVIII e XIX.
FAMÍLIAS DERIVADAS DO CASAL-TRONCO
Entre as famílias diretamente descendentes ou entrelaçadas por alianças matrimoniais, destacam-se:
- Teixeira Mendes – tradicional no Cariri do Ceará e Icó, com ramos ligados à vida militar e à criação de gado;
- Rolim – com forte presença no sertão paraibano e cearense, vinculada à economia pastoril;
- Vila Seca – de origem também sertaneja, estabelecida entre Pernambuco e Paraíba;
- Gomes da Silveira – de atuação política e comercial no interior paraibano;
- Sampaio – herdeira direta do sobrenome materno, presente em várias localidades do Brejo e do Seridó;
- Valença – com laços familiares e econômicos nas vilas do Pajeú, São Bento do Una e do São Francisco;
- Lopes Galvão – com descendentes em Campina Grande, Areia e no Seridó.
Essas famílias, por entre casamentos, testamentos e partilhas, formaram uma teia de parentescos e alianças que consolidou o poder local nas vilas do interior, influenciando a política, a economia e a vida religiosa das comunidades.
A EXPANSÃO PARA O SERIDÓ E O CEARÁ
A migração seguiu adiante, alcançando o Seridó do Rio Grande do Norte, onde os descendentes dos Alves Pequeno e Correia de Sampaio se fixaram em localidades como Currais Novos e Acari. A região, tradicionalmente pastoril, oferecia condições favoráveis à criação de gado e ao cultivo de algodão — produtos centrais na economia do século XIX.A expansão também atingiu o Ceará, com presença em cidades históricas como Icó e Crato, importantes entrepostos comerciais e rotas de ligação entre o sertão e o litoral. Ali, novamente, os descendentes dessas famílias se integraram às elites locais, participando da vida econômica e religiosa da região.
CONTRIBUIÇÃO À GENEALOGIA NORDESTINA
A obra Pelos Caminhos dos Alves Pequeno e Correia de Sampaio é, nesse contexto, uma contribuição fundamental para a expansão dos estudos genealógicos, reunindo fontes documentais, registros paroquiais e memórias familiares que iluminam a formação do Nordeste interiorano.
Mais que uma genealogia, trata-se de uma história de mobilidade, entrelaçamentos e permanências, que revela como famílias oriundas de um casal luso-pernambucano moldaram a estrutura social e fundiária de vastas regiões nordestinas.
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