sexta-feira, 10 de outubro de 2025

 

CÓRDULA NOBRE DA SILVA (Entre: n. 1815 a d. 1870): ALGUMAS NOTAS.

 


Por: Washington Luiz Peixoto Vieira 

 

Córdula Nobre da Silva foi uma mulher pertencente a uma das famílias pioneiras do Ceará, com raízes na região do Sertão do Siará Grande, especificamente em Icó e Russas, importantes vilas históricas do século XVIII e XIX.

 A família Nobre já estava estabelecida na região do Vale do Jaguaribe, mais precisamente na cidade de Russas, durante o período colonial. Os inventários indicam que membros da família possuíam propriedades rurais, como o Sítio Ilha do Poró e a Ribeira do Banabuiú, áreas que eram fontes de sustento e riqueza na época. A genealogia da família Nobre em Russas está documentada em compilações genealógicas locais, como o site Famílias Cearenses. Essas fontes fornecem informações sobre casamentos, descendentes e alianças com outras famílias tradicionais da região.

Todavia, sem ainda desvendar as origens de Córdula Nobre, pressupondo que ela não tinha origem no Ceará, mas na Paraíba e Rio Grande do Norte, com o sobrenome NÓBREGA, presente naquelas regiões, inclusive encontrei, em pesquisas, outras mulheres com os nomes de Córdula Nóbrega, em famílias da Paraíba e do Rio Grande do Norte, inclusive uma rua em Campina Grande, o que me leva a supor que existiu alguma antepassada dessas mulheres com este marcante nome.

Os sobrenomes Nobre  e Nóbrega constam no Dicionário Sefaradi de Sobrenomes, Edições Sefer Livraria, 2020, com o significado de "Nobre, de boas maneiras, Noble good manners". Páginas 340 e 509, existentes em Portugal e no Brasil, com registros na Inquisição de Lisboa. [3] Este sobrenome tem como variantes o "Nobrega", presente na região do Cariri paraibano, de onde procedem alguns Teixeira-Mendes na terceira geração no Brasil, [6] assunto que poderá ser explorado em pesquisas genealógicas.

Córdula casou-se em 08 de janeiro de 1837, na Igreja Matriz de Icó, com Francisco Teixeira Mendes,  filho de João André Teixeira Mendes, nascido em 17.03.1771 e falecido por volta de 1864 e de Maria Demétria do Coração de Jesus [sua prima], morador do Saco da Onça, [2] conforme registrado no livro Siará Grande, obra referência para a genealogia luso-cearense. A união consolidou alianças entre famílias de prestígio local — prática comum entre as elites sertanejas, que buscavam preservar patrimônio, influência social e tradição familiar. Até o momento não consegui identificar seus pais, nem datas precisas de nascimento e falecimento. [4]

 O casal teve pelo menos duas filhas registradas em compilações genealógicas locais: Sabina e Ignez (ou Inês), nomes de santas. Essas descendentes aparecem em árvores genealógicas colaborativas (Geni, Rodovid e blogs de genealogia cearense) como continuidade da linha Nobre-Teixeira-Mendes.

 a) Inez Nobre Teixeira, casou com Joaquim Marinho de Mello, [1] passando a chamar-se Ignez Nobre de Mello, foram os pais de  Maria Teixeira de Mello (também conhecida como Ignezinha), que casou com seu primo José Teixeira Mendes, de onde descendem os remanescentes dos Teixeira Mendes de Icó;

 b) Sabina Nobre Teixeira, que casou com seu primo Maoel Teixeira Pequeno, de onde descendem os Teixeira Pequeno.

 Note-se que com elas desaparece o sobrenome Nobre, nesta linhagem, bem como o Marinho.

Córdula Nobre da Silva representa a figura matriarcal de uma linhagem tradicional que se manteve relevante na região de Icó e arredores. Seu legado histórico e genealógico é preservado tanto nas referências do Siará Grande quanto nas árvores familiares e compilações locais, tornando-a uma personagem central para estudos sobre famílias sertanejas cearenses.


 NOTAS:

[1]  Um dos irmãos de Joaquim Marinho de Mello foi José Marinho de Mello, que assinou uma ato público em desagravo à perfídias imputadas ao Barão do Crato, pelos inimigos políticos do dito Barão, “Pintos e Fructuosos”, datado de 5 de fevereiro de 1868.

 [2] Sítio Saco da Onça era um nome histórico/antigo usado no século XIX para um sítio rural ligado ao leito do Rio Estreito, em área entre Icó e onde hoje é Orós. Hoje esse local pode corresponder / ter sido rebatizado como Poço da Onça em mapas municipais, ou pode ter sido parcialmente afetado pelas obras/represas (Lima Campos / Açude Orós).

[3] Informações originais constantes no livro Raízes Judaicas no Brasil - Arquivo Secreto da Inquisição, de Flávio Mendes Carvalho, Nova Arcádia, 1992.

Durante a atuação da Inquisição em Portugal, alguns indivíduos ligados ao sobrenome Nobre foram processados. Em 1593, Domingos Fernandes Nobre foi acusado de heresia e condenado apenas a abjurar como levemente suspeito, recebendo penas espirituais e multa. No início do século XVIII, surge Manuel Mendes Nobre, cristão-novo citado como pai de Tomé da Costa de Abreu, também investigado. Tomé foi preso em 1721 e, no auto-da-fé de 1723, condenado a abjuração, penitências e custas, sem chegar à execução. Esses nomes revelam a presença da família Nobre entre os alvos da vigilância inquisitorial, ainda que sem registro de relaxamento ao braço secular.

 

[4] De 1834 a 1839 o pároco de Icó era o padre Reinaldo da Costa Moreira.

[5] Dona Córdula é tetravó deste que escreve esse texto.

[6] Manoel Alves Nóbrega (nasceu 1735 em Santa Luzia, PB) — que sugere ramos antigos do sobrenome na região. exemplo de um indivíduo antigo — Manoel Alves Nóbrega (nasceu 1735 em Santa Luzia, PB) — que sugere ramos antigos do sobrenome na região. 

Em pesquisa na Internet encontrei o inventário de uma Córdula Nóbrega na Comarca de Maranguape, na Paraíba  o que sugere existir uma antepassada comum para estas pessoas.

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