segunda-feira, 7 de março de 2016

PERSONAGENS HISTÓRICOS: ANTONIO FRANCISCO PEREIRA, O BARÃO DE BUJARI


Antonio Francisco Pereira, o Barão de Bujary, nasceu em Recife, Pernambuco por volta de 1801 e faleceu no Engenho de Bujary, Goiana, PE, em 06 de dezembro de 1868.
Segundo o "Diccionario chorographico, histórico e estatístico de Pernambuco", publicado pela Imprensa nacional, 1908, o topônimo Bujary, de onde origina-se o título nobiliárquico, significa na linguagem indígena o “ Logar de arvore de conóa, ou que boiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B4nio_Francisco_Pereira.

Membro do Partido Conservador, da ala progressista, http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Alfredo_Correia_de_Oliveira tendo sido um dos mais destacados políticos do segundo reinado em Pernambuco, representando a região da Zona da Mata Norte e Goiana, tendo tido impasses com os sesmeiros circundantes ao Rio Goiana, que dificultavam a sua navegabilidade, de forma que "Em 1853 foram feitos estudos necessários para fazer a canalização do Rio Goiana até o porto de Jacaré, no rio Cabibaribe-mirim, aproveitando assim o braço desse rio que passa em Goiana, cujo orçamento atingiu, para aqueles tempos, a elevada quantia de 5:600$000" (in Povoamento, hegemonia e declínio de Goiana, de Ângelo Jordão, p.187)
Era filho de Portugueses, radicados em Pernambuco já no Século XVII e teriam participado da Insurreição Pernambucana de 1645/48. Segundo tradições familiares o mesmo tinha um irmão gêmeo de nome Francisco Antonio Pereira ou Francisco Antonio Pereira de Carvalho. O Pai, comerciante, e os dois irmãos, ainda adolescentes, teriam participado da Revolução Pernambucana de 1817, e teriam embora Portugueses, apoiado os insurrectos, razão pela qual teriam saído do Recife, rumo à Paraíba, já ingressando nas forças reinóis, temendo represálias da coroa portuguesa, que castigava os rebeldes com severidade.

Por volta de 1827 o Sr. Pereira (1) pai de Francisco Antonio e Antonio Francisco ter-lhes-ia comprado dois imóveis : O Engenho Maraú, para Francisco Antonio e Engenho Bujary, para Antonio Francisco. Certamente o negócio foi feito aproveitando o período de crise e instabilidade política do primeiro reinado, as conturbações geradas pós Confederação do Equador, o declínio do preço do açúcar e as questões abolicionistas que eram pauta do dia.
O antigo Engenho Bujary está ligado à Confederação do Equador, tanto no abrigo de revolucionários (09.09.1824) (4) e como também na noite de 29 de novembro de 1826 quando serviu de pousada para o Presidente Temporário da Paraíba Felix Antonio Ferreira de Albuquerque e confederados presos do Ceará em direção a Pernambuco, que dali fugiram nessa mesma noite. No meio desses presos estavam Frei Caneca, que absteve-se da fuga confiando no beneplácito imperial http://www.vestibular1.com.br/revisao/confederacao_equador_II.doc.



Ainda com relação ao Engenho de Bujary, cronistas do século XIX dizem "O engenho Bujari, pertencente ao presidente da Câmara Antonio Francisco Pereira, é muito bela, descortinando-se a grande várzea de Goiana" (2) http://books.google.com/books?id=4nE8AAAAYAAJ&q=%22descortinando-se+a+grande+v%C3%A1rzea%22&dq=%22descortinando-se+a+grande+v%C3%A1rzea%22&hl=pt-BR&pgis=1
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Já o engenho Maraú fora um histórico latifúndio açucareiro edificado a partir de 1714 pelo Frei de Santa Clara, OSB e pertencia aos Monges Beneditinos. Sua capela é de 1724 e foi concluída em 1752. Segundo crônicas D. Pedro II hospedou-se nesse engenho que está localizado em Cruz do Espírito Santo. http://pt.wikipedia.org/wiki/Cruz_do_Esp%C3%ADrito_Santo
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Senhor de Engenho por volta de 1831, Antonio Francisco recebe a patente de Coronel da Guarda Nacional, substituindo, assim, as funções do Exército Imperial que entrava em declínio.

Por volta de 1850 a 1865 foi o Presidente da Câmara Municipal de Goiana, rivalizando com João Joaquim da Cunha Rego Barros, terceiro barão de Goiana (1796 - 28 de novembro de 1874), inimigos políticos, apesar de pertencerem ao mesmo partido. (in João Alfredo, o estadista da abolição).


Conforme o Conselheiro João Alfredo (1835/1915), que fora menino criado em Goiana, à sombra das brigas políticas dos coronéis - que seriam barões - em sua obra "Minha meninice & outros ensaios", nos informa que"alguns senhores de engenho mais atuantes conseguiram ascender à nobreza imperial sendo agraciados com o título de Barão", como o de Goiana (3 baronatos) e o de Bujari (baronato único). O Baronato vem-lhe pelo Decreto de 23 de novembro 1867, concedendo o título de Barão de Bujari, título esse Referendado por José Joaquim Fernandes Torres, então Ministro da Justiça, no Palácio do Rio de Janeiro.

Fato notável, que a tradição narra, foi fuga a cavalo do engenho Maraú para o engenho Bujary, de sua sobrinha Herotide Senhorinha da Conceição Pereira. Conta-se que a mesma, fugiu da casa do pai, montada em um cavalo no meio da noite buscou amparo na casa o tio. O motivo da fuga teria sido a imposição de um casamento arranjado, como era costume da época, mas que ela julgava indesejado. Esse fato levou-lhe a intriga de vários anos com o irmão gêmeo, intriga essa que se desfez poucos anos antes dele morrer.



Pelo ato de coragem da sobrinha, que fugiu do engenho Maraú (5), onde residia o seu pai o coronel Francisco António. O tio passou a admirá-la em face a sua intrepidez. A mesma permaneceu na casa-grande de Bujari ou Bujary, casando-se com seu primo legítimo, primogênito do Barão, o Major Antonio Francisco Pereira de Carvalho Filho, que faleceu com apenas 34 anos em 18.06.1871, "desse casamento restou vários filhos que foram criados pelo Avô materno em Itapuá, já que a mesma contraiu novas núpcias com o Sr. Manoel Vieira Bernardes contrariando os dogmas familiares dai também houve descendentes”. (2) O segundo consórcio de D. Herotide ocorreu em 14.09.1871, na Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, em Goiana (In Anuario genealógico latino da Federação dos Institutos Genealógicos Latinos, 1952, p 33)
Segundo informações o Barão de Bujary foi senhor de vários outros Engenhos: Bujary, Japomim, Catu, Pedreira Calugy e Batatã, que foram divididos entre os herdeiros.
O Barão de Bujary, morreu aos 67 anos em 06 de dezembro de 1868: "Óbito do Barão de Bujari, pelo Vigário de Goiana: Aos sete de Dezº de mil oitocentos e sessenta e oito falleceo da vida prezente de ‘camara de sangue’ o adulto Barão de Bujary Ant° Fre° Pereira, branco, de idade sessenta e oito annos, solteiro" (in Anuario genealógico latino, p.33). A doença ali descrita era a peste do cólera morbus que assolou por todo o Brasil na década de 1860 e anos seguintes. Foi sepultado na Igreja do Amparo em Goiana, um ano após ter sido agraciado com o cobiçado título.
Conforme o seu atestado de óbito registra, nunca casou-se e morreu solteiro, não obstante a insistência dos clérigos goianenses, mas deixou descendência, num total de 9 filhos naturais, 02 homens e 7 mulheres. (p.33 anuário genalógico latino).
Quis o destino que o Barão não chegasse a ver implantado o sistema de abastecimento de água de Goiana, cuja solicitação de isenção de impostos de importação de "canos e mais generos que forem importados de fóra Imperio para a construção de novos arquedutos" , feita em 15 de setembro, fora-lhe negado em 24 de outubro de 1868, mas que a resposta chegaria a Goiana somente em 29 de dezembro daquele ano, quado ele já estava morto, faziam vinte dias. (in Ministério dos Negócios da Fazenda, despacho nº 462, em 24 de outubro de 1868). O fato, todavia, revela o grau do empreendorismo do rico investidor, pois o negócio seria um empreendimento particular.
Constam como filhos do Barão:
1) Antonio Francisco Pereira, Major da Guarda Nacional, falecido em 18.06.1871, que casou com Herotíde Senhorinha da Conceição Pereira. em primeiras núpcias, Casando-se dª Herotildes em segundas núpcia com Manuel Vieira Bernardes Junior, na Paróquia de Nossa Senhora do Rosário de Goiana, em 24 de setembro de 1871.

2) Manoel Pereira;

3) Inácia Maria da Conceição Pereira, que casou-se com Inácio Borges da Costa Rios;

4) Lucia Cândida da Conceição Pereira, que casou-se com o Cap. Luiz Cavalcanti de Albuquerque;

5) Gertrudes Maria da Conceição Pereira, que casou-se com Manuel José Ferreira;
6) Felismina Maria da Conceição Pereira, que casou-se com Diogo José da Silva Coelho;
7) Mariana Amelia da Conceição Pereira, que casou-se com Hermínio Pinheiro de Mendonça Matos;
8) Maria Benvinda.da Conceição Pereira; e

f) Francisca da Conceição Pereira.

Sabe-se que imóveis pertencentes a Herotides Senhorinha, sejam alguns prédios urbanos no centro de Nossa Senhora das Neves e Goiana, foram doados a Dª Herotildes Pereira de Carvalho (+-1893 - 1979), sobrinha de Dª Senhorinha, por ocasião de seu casamento, com o maestro Manoel Florentino Nogueira de Brito (3). Do casal nasceram, entre 1905 a 1924, 08 filhos: Iornilda (Mamã), Dida, Ivandilzo (Dilzinho), Nicinha, que morreu com 17 anos, Irandilza (Badi), Iranilza (Ni) e Ivanoé Pereira de Brito, que é o pai de Ivanoé Pereira de Brito Júnior. A família morou em Goiana e na década de 30 do século passado, passando a atuar como maestro em várias cidades onde nasceram os filhos do casal e depois mudaram-se para o Recife.

1. A dedução do nome Antonio Pereira surge em virtude da presença de "António" nos dois filhos.
2. Bibliografia sobre Goiana; aspectos históricos e geográficos: aspectos históricos e geográficos
Por Genny da Costa e Silva, Maria do Carmo Rodrigues. Publicado por Comissão Organizador e Executiva das Comemorações do IV Centenário do Povoamento de Goiana, 1972. Original da http://pt.wikipedia.org/wiki/Antônio_Francisco_Pereira;
http://www.promata.pe.gov.br/internas/turismo/fotos.asp?codmun=32

HUGO CALDAS: http://hugocaldas.blogspot.com/2006_10_01_archive.html

REFERÊNCIAS:
Anuário Por Museu Imperial (Brazil) Publicado por Museu Imperial., 1945
Observações do item: v. 6-7 Original da Universidade do Texas Digitalizado pela 10 jun. 2008;

http://www.buratto.org/gens/heraldica/gn_nobrezabr.html

FOTOS:
1. Foto do Barão de Bujari pertencente ao acervo da Fundação Joaquim Nabuco, feita por Alberto Henschel http://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Alberto_Henschel
2. Foto do Engenho: Promata, governo de Pernambuco.

3. Há uma rua em Recife designada de Rua Manoel de Brito em homenagem ao maestro.
4. Frei Joaquim do Amor Divino Caneca Coleção Formadores do Brasil. Por Joaquim do Amor Divino Caneca, Evaldo Cabral de Mello. Publicado por Editora 34, 2001, ISBN 8573262133, 9788573262131, 643 páginas

5. Os dados divergem entre as informações familiares e tradições orais. Vide Blog de Hugo Caldas:http://hugocaldas.blogspot.com/2006/10/o-baro-do-bujar.html

QUALQUER INFORMAÇÃO ADICIONAL FINEZA CONTACTAR COM O E-MAIL: wlpv1@hotmail.com
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_baronatos_no_Brasil

http://books.google.com/books?id=ikhlAAAAMAAJ&q=.+Lucia+C%C3%A2ndida+da+Concei%C3%A7%C3%A3o+Pereira&dq=.+Lucia+C%C3%A2ndida+da+Concei%C3%A7%C3%A3o+Pereira&lr=&ei=fIHsSfi6NZWikATC48G1AQ&hl=pt-BR&pgis=1



TEXTO E PESQUISA DE WASHINGTON LUIZ PEIXOTO VIEIRA, COM DIREITOS AUTORAIS NA FORMA DA LEI Nº 9.610/98- SE COPIAR CITE A FONTE

REFERÊNCIAS:
Salvador de Moya, Instituto de Estudos Genealógicos (São Paulo, Brazil), Instituto Genealógico Brasileiro - 1939

(2) Informações recebidas de familiares.

Texto reeditado em 22 de abril de 2009 após novas pesquisas, corrigindo-se algumas informações.

Um comentário:

Lucia Cesar disse...

Sou descendente M. BENVINDA; tenho o original do inventario do BARÃO de BUJARY [certidão de partilha].Gostaria de contribuir com a nossa história.
lucciaca@gmail.com
LUCIA C. de ALBUQUERQUE.