sábado, 25 de outubro de 2025

 A FAMÍLIA DE MANOEL PEIXOTO DE MEDEIROS E MARIA AMÉLIA MONTEIRO PEIXOTO


Por Washington Luiz Peixoto Vieira




Manuel Peixoto de Medeiros e Maria Amélia Carneiro Monteiro, casaram por volta de 1894, em Icó, no Estado do Ceará, tiveram onze filhos, sete deles homens e cinco mulheres.

Este artigo concentra-se nas trajetórias deles, destacando suas vidas, cônjuges, filhos, datas de nascimento e falecimento, todas nascidas no município de Icó, Estado do Ceará como uma forma de preservar a memória destas pessoas, meus avós e tios-avós para as gerações futuras, antes que essas mesmas memórias se percam com o passar dos anos.
Conheci quatro dessas mulheres, minhas tias-avós, eram meigas e dedicadas, bem humoradas, sempre de cabelos presos, remetendo à imagem de sua mãe, registrada na primeira fotografia da galeria de imagens da família. Essa lembrança permanece vívida, traduzindo o caráter, a disciplina e a delicadeza que marcaram a vida dessas filhas ao longo do século XX.

AS FILHAS:


Filha 1 – FLORENTINA DA SILVA PEIXOTO (24/03/1892 – 30/06/1981, 89 anos)
Florentina da Silva Peixoto nasceu em 24 de março de 1892, primogênita do casal. Recebeu o nome em homenagem à avó paterna. Casou-se, por volta de 1918, com Francisco Teixeira Mendes, pertencente à tradicional linhagem “Canela Preta”, família setecentista do Icó. Passou a assinar-se Florentina Peixoto Teixeira.
Francisco Teixeira morreu de forma violenta em 1923 na cidade do Cedro, deixando Florentina viúva e com filhos pequenos. Em 1924, nasceu seu último filho. Posteriormente, casou-se com Antônio de Sousa Lima, natural de Lavras da Mangabeira, com quem teve duas filhas.
Florentina faleceu no Rio de Janeiro em 30 de junho de 1981, aos 89 anos, sendo sepultada inicialmente naquela cidade e posteriormente trasladada para Icó, onde repousa no Cemitério Histórico, junto a familiares.
Filhos do primeiro casamento: Maria do Socorro, Maria Amélia e Francisco Teixeira Mendes.
Filhos do segundo casamento: Maria Ubenir e Maria Luíza. As filhas migraram para o Rio de Janeiro e Niterói, onde nasceram e criaram seus filhos.




Filha 2 – ODÉCIA DA SILVA PEIXOTO (22/03/1897 – 02/02/1982, 84 anos)
Odécia nasceu em 22 de março de 1897. Casou-se com Joaquim Ferreira da Silva (12/12/1889 – 09/02/1980), telegrafista descendente do padre Manoel Caetano da Silva. Tiveram uma filha adotiva, Doracir Ferreira de Carvalho.
Odécia e Joaquim eram muito devotos do Senhor do Bonfim, cuja igreja ficava vizinha à sua residência, o hoje chamado sobrado do Barão, mas era conhecido como Sobrado do Seu Ferreira, participando ativamente das adorações, cerimônias e festas religiosas. Por muitos anos, tia Odécia confeccionou as flores artificiais em tecido, que decoravam o arco da imagem do Senhor do Bonfim, demonstrando sua devoção e habilidade artesanal, tradição que herdou de sua mãe.
Odécia faleceu em 2 de fevereiro de 1982, aos 84 anos, sendo sepultada vestida de Nossa Senhora de Lourdes, trajando o mesmo hábito mortuário de sua irmã Maria de Lourdes, falecida pouco antes.



Filha 3 – CARLINDA PEIXOTO DA SILVA (20/05/1901 – f..1987, 86 anos aproximados)
Carlinda nasceu em 20 de maio de 1901, uma das mais jovens filhas do casal. Casou-se com Luiz Américo (c.1900 – c.1970), com quem viveu em Camocim/CE, sem deixar descendência. Reconhecida como excelente costureira, residiu em Fortaleza nos anos 1970 após ficar viúva, passando seus últimos anos junto ao irmão José e sua cunhada. Faleceu por volta de 1987, aos 86 anos aproximadamente, sendo sepultada no Cemitério Parque da Paz, em Fortaleza.


Filha 4 – CARLOTA PEIXOTO DE MEDEIROS (c.1903 – f. 1920 ) 17 anos)
Carlota faleceu jovem, possivelmente durante as epidemias de gripe do início do século XX. Não deixou descendência. Estima-se que tenha morrido aos 17 anos aproximadamente. É lembrada nas memórias familiares por sua doçura e delicadeza. O nome Carlos remete a algum de seus tios-avós do Exu.



Filha 5 – MARIA DE LOURDES PEIXOTO DOS SANTOS (23.8.1994 - 24.10. 1979) 75 anos.
Maria de Lourdes, ao casar-se, passou a assinar-se Maria de Lourdes Peixoto dos Santos, unindo-se a João Farias dos Santos, tabelião do 2º Ofício de Icó, filho de Paulo Antônio dos Santos e Ana Farias dos Santos. Destacou-se pela dedicação à família.
Filhos: Maria Edwiges, Edmundo, Maria Edvalda, Maria Edialeda, Quilon, Anira, Edeuza, Edilza, Francisco (Chiquinho) e Edmir (o mais novo).
Dona Lourdes, viúva há alguns anos, faleceu em sua residência, no Icó, com a assistência do Dr. Quilon, seu filho e prefeito municipal naqueles anos, ao anoitecer do dia 24 de outubro de 1979, e foi sepultada no dia seguinte, com grande presença de povo: era o dia do Município.

OS FILHOS:


Filho 1. DAMON PEIXOTO DE MEDEIROS (1897–1938) – 41 anos
Damon Peixoto de Medeiros nasceu em 03 de outubro de 1897 (data a ser confirmada). Casou-se na década de 1920 com Maria Holanda de Medeiros. Tiveram um único filho:
Eduardo Peixoto de Medeiros (O Padim, 1927–2011)
Damon trabalhou como encarregado da Inspetoria Federal de Obras contra as Secas (IFOCS). Durante a construção do Açude de Forquilhas, em Sobral, sofreu um grave acidente ao tentar salvar operários, vindo a falecer em 1938, aos 44 anos.



2. URBANO PEIXOTO DE MEDEIROS (1896–1989) – 93 anos
Urbano Peixoto de Medeiros nasceu em 14 de dezembro de 1896. Casou-se em julho de 1922 com Eliza Teixeira Mendes. Tiveram sete filhos:

Manoel Peixoto de Medeiros
José Peixoto de Medeiros
Juarez Peixoto de Medeiros
Onofre Peixoto de Medeiros (falecido impúbere)
Nilda Peixoto de Medeiros
Nilce Peixoto de Medeiros (gêmea de Nilda)
Nilva Peixoto de Medeiros
Urbano assumiu responsabilidades familiares desde jovem, cuidando do gado e depois ingressando no comércio. Retornou à pecuária e à agricultura, adquirindo a Fazenda Buenos Aires em 1940. Faleceu em 30 de novembro de 1989, aos 93 anos.



Filho 3. JOSÉ PEIXOTO DE MEDEIROS (1900–1976) – 76 anos
José Peixoto de Medeiros nasceu em 20 de maio de 1900. Serviu na Guarda Civil do Ceará, chegando a Tenente-comandante. Casou-se com Marieta Chaves em 1931. Tiveram onze filhos:
Mirian Chaves Peixoto
Irani Chaves Peixoto
Margarida Chaves Peixoto
Manoel Bonfim Chaves Peixoto
Luis Alberto (Padre) Chaves Peixoto
Francisco de Assis Chaves Peixoto
Ari Chaves Peixoto
Iran Chaves Peixoto
Humberto Chaves Peixoto
César Chaves Peixoto
João Bosco Chaves Peixoto
José faleceu em 22 de março de 1976, aos 76 anos, e Marieta em 2001.

Filho 4. QUILON PEIXOTO DE MEDEIROS. Morreu no primeiro quadriênio do século XX, noivo com Dulcinéia Teixeira Mendes, irmã de minha avó Elisa. Em sua homenagem seu sobrinho Quilon Peixoto Farias, recebeu este nome. O nome Quilon = Chilon remete a antepassados de Pernambuco, tendo um seu primo filho de Dario José Peixoto, um filho de nome Chilon Heráclito Peixoto e Silva (1869-1960), que foi prefeito de Granito/PE em 1909.

5. LUIZ PEIXOTO DE MEDEIROS casou com Benedita da Costa. Tiveram, a nosso saber, dois filhos: Manoel da Costa Peixoto de Medeiros e Francisco da Costa Medeiros Peixoto. Seu nome remete ao seu avô, Luís de Medeiros Raposo.




Filho 6. RAIMUNDO PEIXOTO DE MEDEIROS (1904–1967) – 61 anos
Raimundo Peixoto de Medeiros nasceu em 09 de setembro de 1904 e casou-se em 1931 com Adalgisa Chaves. Tiveram seis filhos:
Carlota Chaves Peixoto
Silvio Chaves Peixoto
Nirene Chaves Peixoto
Stenio Chaves Peixoto
Hélio Chaves Peixoto
Darlene Chaves Peixoto
Raimundo fixou residência no Crato-CE, onde trabalhou nos Correios e Telégrafos. Faleceu em 26 de março de 1967, aos 61 anos.




Filho 7. ANTONIO PEIXOTO DE MEDEIROS (1910–1943) – 34 anos
Antonio Peixoto de Medeiros, caçula do casal, nasceu em 04 de abril de 1910. Migrando para São Paulo, onde era operário, casou-se em 15 de janeiro de 1938 com Gilda Spadafora. Tiveram uma filha:
Iracema Peixoto de Medeiros, que se casou com Ibrahim Nero Vieira.
Antonio faleceu prematuramente em 16 de novembro de 1943, de insuficiência cardíaca aos 34 anos. Foi sepultado no Cemitério do Brás, em São Paulo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estes filhos e filhas refletem trajetórias diversas: Urbano se firmou em Icó no comércio, agricultura e pecuária, enquanto os demais irmãos espalharam-se pelo mundo em busca de trabalho e oportunidades. Entre eles, Damon e Antonio morreram jovens, deixando marcas de coragem e dedicação à família.
Suas memórias permanecem vivas nos descendentes e na história de Icó e do Ceará, evidenciando trabalho, coragem e legado familiar.

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

 DONA ANTONIA DE ALBUQUERQUE (SÉCULO XVI – SÉCULO XVII) E SUA DESCENDÊNCIA NO SERTÃO DO CEARÁ



Por Washington Luiz Peixoto Vieira*

D. Antonia de Albuquerque foi uma das figuras centrais da nobreza colonial nordestina, filha de Jerônimo de Albuquerque, nascido em Lisboa, Portugal, em 1510 e falecido em Olinda, Pernambuco, Brasil, em 25 de dezembro de 1574,  conhecido como o “Adão Pernambucano”, e de Maria do Espírito Santo Arcoverde,  nome cristão de  Muyrã-Ubi, nascida em Pernambuco por volta de 1510, e falecida em Olinda, em 1558,  filha de Ubira Abi, que significa Arcoverde, Cacique dos Tabajaras,  ambos pertencentes à principal estirpe da aristocracia de Pernambuco. Sua vida se insere no contexto do Brasil colonial, período em que as famílias fidalgas consolidavam suas posições políticas, econômicas e sociais por meio de alianças matrimoniais estratégicas.[1]

Nos registros genealógicos mais antigos — como os de Pereira da Costa, Frei Jaboatão, Anselmo Braamcamp Freire e a Nobiliarquia Pernambucana —, D. Antonia de Albuquerque aparece entre as filhas mais velhas do casal, geralmente em terceiro ou quarto lugar na ordem tradicionalmente aceita dos filhos legítimos de Jerônimo. Quanto ao número de filhos, sugeridos pelos genealogistas, o número é variado, de forma que no site FamilySearch são listados 16 filhos, [2] e em listagem clássica apenas 8, desta forma, neste artigo, optei pelo listado em maior número, conforme segue:
1. Catharina de Albuquerque (1540–1614);
2. Anna de Albuquerque (1541);
3.Cosme de Albuquerque (1543);
4.Beatriz de Albuquerque, (1547);
5. Maria de Albuquerque (1549);
6. Simoa de Albuquerque (1550);
7. Brites de Albuquerque (1554);
8. Pedro de Albuquerque (1555);
9. Manoel de Albuquerque (1543);
10.André de Albuquerque (1545);
11. José de Albuquerque (1545);
12. Jeronymo de Albuquerque Maranhão (1548);
13. Antonia de Albuquerque (1550, depois de 1593);
14. Mathias de Albuquerque (1551);
15. Joanna de Albuquerque (1552) e;
16. Adriana de Albuquerque (1552).

DONA ANTONIA

No capítulo V, da Nobiliarquia Pernambucana, que trata de  D. Antonia de Albuquerque e da sua successão, assim diz:

"Antonia de Albuquerque, filha de Jeronymo de Albuquerque e de D. Maria do Espírito Santo Arcoverde, inda vivia no anno de 1593, como consta de uma escriptura feita a 24 de Abril do dito anno, da qual consta que já era viúva.
Casou com Gonçalo Mendes Leitão, irmão de Pedro Leitão, segundo Bispo do Brasil, que tomou posse em 24 de Dezembro de 1559.
Este Gonçalo Mendes Leitão foi o que fez a primeira Capella de Santo Antonio de Paratibe, e diz a tradição que seu irmão a sagrara.
Se assim foi, com a entrada dos Hollandezes se arruinaria, e também pode ser que por irião a benzer quando se findou, levantasse o povo essa tradição.
Deste matrimonio nasceram os filhos seguintes:
— Gonçalo Mendes Leitão.
— Jeronymo Leitão, de que não há successão.
— Jorge Leitão de Albuquerque, que segue.
— D. Joanna de Albuquerque.
— D. Catharina de Albuquerque.
— D. Maria de Albuquerque." 

Ela se destaca por ter sido a que manteve, através de seu casamento com Gonçalo Mendes Leitão, uma das linhagens mais documentadas e duradouras dos descendentes de Jerônimo — sendo, portanto, um dos ramos centrais da descendência nobre e troncal dos Albuquerque no Brasil.

Ainda viva em 1592-1593, D. Antonia já era viúva quando os registros oficiais a mencionam, evidenciando sua presença ativa na administração de sesmarias e na preservação do patrimônio familiar.

De sua descendência com Gonçalo Mendes Leitão, cavaleiro fidalgo da Casa Real que se origina uma linhagem  que se espalhou pelo sertão pernambucano e pelo sul do atual Ceará, consolidando a presença da família Albuquerque entre as principais linhagens do Nordeste colonial.

A influência de D. Antonia de Albuquerque transcendeu sua própria geração, pois sua descendência se entrelaçou com famílias como Barbosa, Leitão, Correia, Melo Falcão, Marreiros e Teixeira Mendes — esta última através de seu bisneto, o Capitão Antônio de Melo Falcão, pai de Maria Catarina Sebastiana de Arendes, que casou com Manoel Alexandre Teixeira Mendes. Por esse enlace, o sangue dos Albuquerques permaneceu no centro das elites rurais e urbanas da região.

Por meio de sua sucessão, D. Antonia tornou-se uma ancestral-chave, cujos descendentes desempenharam papéis relevantes na administração, na milícia e na sociedade colonial, perpetuando o legado de uma das mais antigas e prestigiadas famílias do Nordeste brasileiro.

A DESCENDÊNCIA NO SERTÃO DO CEARÁ

Para compreender os vínculos de sua linhagem com o sertão cearense, especialmente com a vila de Icó, destaca-se a figura de:

Antônio de Melo Falcão, nascido em 1697, no Cabo de Santo Agostinho (PE), e falecido em 20 de setembro de 1780, na mesma localidade. Era filho do Capitão Luiz Marreiros de Sá e de Dona Juliana de Oliveira, senhores do Engenho Megaípe de Baixo, sob a invocação de São Felipe e São Tiago, em Jaboatão dos Guararapes (PE).

Detinha a patente de Capitão de Ordenanças, posto que designava o oficial responsável pelo comando das tropas locais nas vilas e freguesias do Brasil colonial entre os séculos XVI e XIX. Essa função o levou à Capitania do Ceará, onde se estabeleceu em Icó, vivendo com Dona Maria José de Brito Fiúza, com quem teve três filhos conhecidos:

Maria Catarina Sebastiana de Arendes (casada com Manoel Alexandre Teixeira Mendes)

Domingos Coelho Meireles Júnior (que conservou o nome paterno como aditivo)

Capitão Luís Marreiros de Melo, assassinado em Quixeramobim, em data não determinada.

O quinto avô de Antônio de Melo Falcão foi Luiz de Marreiros (1675–1744), casado com Brites de Albuquerque de Merlis, filha de Marcos de Barros Correia e D. Margarida de Melo — tataraneta (5ª geração) de Jerônimo de Albuquerque e D. Maria do Espírito Santo Arcoverde.

Por este matrimônio, essas famílias — parentes desde os tempos de Duarte Coelho Pereira — criaram uma nova árvore genealógica, unindo os ramos Marreiros, Melo Falcão e Teixeira Mendes, cujos descendentes foram fundamentais na ocupação e formação social do sertão do Ceará.

NOTAS:

[1]
Casamentos de Jerônimo de Albuquerque:
Jerônimo de Albuquerque, teve duas uniões principais: a primeira, com a índia Maria do Espírito Santo Arcoverde, filha do cacique Arcoverde, da qual nasceram oito filhos legitimados por D. Sebastião em 1561; e a segunda, em 1562, com Felipa de Melo e Sampaio, nobre portuguesa, filha de D. Cristóvão de Melo, casamento imposto pela rainha D. Catarina para regularizar sua situação conjugal. Teve ainda outros filhos naturais reconhecidos, somando cerca de 24 descendentes. Essas uniões uniram linhagens europeias e indígenas, originando a elite mestiça do Nordeste colonial.

[2] 

REFERÊNCIAS:

1. Fontes primárias:

JABOATÃO, Frei Antônio de Santa Maria. *Novo Orbe Seráfico Brasílico, ou Crônica dos Frades Menores da Província do Brasil.* Lisboa: Oficina de Francisco Luís Ameno, 1761.

LIVRO das Sesmarias da Capitania de Pernambuco (1550–1650). Recife: Arquivo Público Estadual de Pernambuco (APEJE).

TESTAMENTO de Jerônimo de Albuquerque. In: JABOATÃO, Frei Antônio de Santa Maria. *Novo Orbe Seráfico Brasílico.* Lisboa: Oficina de Francisco Luís Ameno, 1761.

CARTAS e documentos de Duarte Coelho Pereira. Lisboa: Arquivo Histórico Ultramarino (AHU), séc. XVI.

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2..Genealogias e nobiliárquicas clássicas

COSTA, Francisco Augusto Pereira da. *Anais Pernambucanos.* 10 vols. Recife: Tipografia do Jornal do Recife, 1882–1895.

FREIRE, Anselmo Braamcamp. *Brasões da Sala de Sintra.* Lisboa: Imprensa Nacional, 1921.

OLIVEIRA, Bento José de. *Nobiliarquia Pernambucana.* Recife: Typographia Mercantil, 1856.

MELLO, José Antônio Gonsalves de. *Gente da Nobreza de Pernambuco.* Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 1981.

SILVA, Rodolfo Garcia da. *Genealogia Pernambucana: Famílias Coloniais.* Rio de Janeiro: Gráfica Lux, 1935.

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3..Estudos históricos e regionais

CASCUDO, Luís da Câmara. *Dicionário do Folclore Brasileiro.* Rio de Janeiro: Edições Itatiaia, 1983.

MELO, Evaldo Cabral de. *O Norte Agrário e o Império (1871–1889).* Rio de Janeiro: Topbooks, 1999.

GIRÃO, Raimundo. *O Ceará e os Cearenses.* Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1959.

VIANA, Hélio. *História do Brasil Colonial.* São Paulo: Melhoramentos, 1970.

BARRETO, Gustavo. *Famílias Troncais do Sertão Nordestino.* Fortaleza: Edições UFC, 2004.

MEDEIROS, Clóvis de. *Famílias Tradicionais do Sertão.* Natal: EDUFRN, 1995.

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4..Fontes arquivísticas

ARQUIVO PÚBLICO ESTADUAL DE PERNAMBUCO (APEJE). *Coleção de Documentos Coloniais: Pernambuco (1550–1700).* Recife: APEJE, s.d.

ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO (AHU). *Catálogo das Capitanias do Brasil – Pernambuco, 1530–1620.* Lisboa: AHU, s.d.

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6..Pesquisa contemporânea

VIEIRA, Washington Luiz Peixoto. *D. Antonia de Albuquerque e sua descendência no Sertão do Ceará.* Pesquisa inédita, 2025.



* Washington Luiz Peixoto Vieira é pesquisador e escritor. dedica-se ao estudo da memória urbana e das transformações sociais e culturais do Nordeste. É descendente da biografada através de Maria Cataria Sebastiana de Arendes (Melo Falcão) Esse é um texto inédito do livro Gente do Ceará - IBSN: 978-65-01-28119-3.

 

Texto atualizado em 16.10.2025.

domingo, 12 de outubro de 2025

 



O CAPITÃO ANTÔNIO DE MELO FALCÃO E SUA DESCENDÊNCIA: HISTÓRIA E REDES FAMILIARES NO NORDESTE COLONIAL

Por Washington Luiz Peixoto Vieira

O século XVIII no Nordeste brasileiro foi marcado por redes de poder, alianças familiares e estratégias de preservação do prestígio social. Entre os protagonistas desse cenário destaca-se o Capitão Antônio de Melo Falcão, registrado em documentos coloniais de Pernambuco, especialmente no Cabo de Santo Agostinho, onde faleceu por volta de 1780. Casado — ou em união estável — com Maria José de Brito Fiúza, Antônio deixou uma descendência cujas ramificações moldaram a elite cearense nas gerações seguintes.


Origens da Família Melo Falcão

As origens mais antigas conhecidas da família Melo Falcão encontram-se registradas na Nobiliarquia Pernambucana, de Antônio José Victoriano Borges da Fonseca (Coleção Mossoroense, Série C, vol. 819, 1992, vol. I, p. 137). O autor indica que a linhagem em Pernambuco principia com Luiz Marreiros, que veio ao Brasil com o donatário Duarte de Albuquerque Coelho, recebendo o ofício de tabelião de Olinda (vol. II, p. 464)

O sobrenome Marreiros é português, com raízes principalmente no Algarve e em Trás-os-Montes, aparecendo desde o século XVI em listas de moradores, oficiais e cristãos-novos.
Nos séculos XVI e XVII, há registros inequívocos de Marreiros cristãos-novos — ou seja, famílias de origem judaica convertidas ao cristianismo sob o regime da Inquisição.

Fontes da Torre do Tombo (Lisboa) registram vários processos inquisitoriais contra pessoas de sobrenome Marreiros, notadamente

No entanto, os Marreiros estabelecidos no Cabo de Santo Agostinho desde o século XVII (como Luiz Marreiros I e seus descendentes) não são descritos nos registros coloniais como cristãos-novos, mas sim como fidalgos da governança local — proprietários de engenhos, tabeliães e oficiais de ordenança.

No entanto, os Marreiros estabelecidos no Cabo de Santo Agostinho desde o século XVII (como Luiz Marreiros I e seus descendentes) não são descritos nos registros coloniais como cristãos-novos, mas sim como fidalgos da governança local — proprietários de engenhos, tabeliães e oficiais de ordenança.

Nobiliarquia Pernambucana de Antônio José Victoriano Borges da Fonseca (fonte principal dessa genealogia) não menciona nenhum indício de origem cristã-nova. Pelo contrário, o texto apresenta os Marreiros como descendentes de Luiz Marreiros, tabelião de Olinda, que recebeu terras e mercês do donatário Duarte de Albuquerque Coelho, e cujos filhos e netos se casaram com cristãos-velhos e de prestígio no Pernambuco colonial, mas isso, necessariamente, não significa dizer que suas origens eram Marranas, uma vez que se fazia de tudo para esconder as origens judaicas.

https://www.geni.com/people/Lu%C3%ADz-Marreiros-I/6000000082350037970


O Capitão Antônio de Melo Falcão

Antônio de Melo Falcão nasceu em 1697, no Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco, e morreu em 20 de setembro de 1780, na mesma localidade.
Era filho do Capitão Luiz Marreiros de Sá e de Dona Juliana de Oliveira, senhores do Engenho Megaípe de Baixo, sob a invocação de São Felipe e São Tiago, conforme informações do genealogista Fábio Arruda de Lima.

Detinha a patente de Capitão de Ordenanças, posto que designava o oficial responsável pelo comando das tropas locais nas vilas e freguesias de Portugal e do Brasil colonial entre os séculos XVI e XIX.

Lu\z de Marreiros de Sá (1675-1744) casou com Brites de Albuquerque de Merlis, filha de Marcos de Barros Correia e D. Margarida de Melo, tataraneta (5ª geração) de Jerônimo de Albuquerque e D. Maria do Espírito Santo Arcoverde.

Transferido para o Icó, na Capitania do Ceará, Antônio de Melo Falcão vivia solteiro, mas mantinha união estável com a jovem Maria José de Brito Fiúza, conforme registros genealógicos. O casal nunca oficializou o matrimônio perante a Igreja, o que, segundo estudiosos, pode ter resultado da vida itinerante do capitão em suas campanhas militares. Pelo menos dois de seus filhos foram criados por famílias amigas, possivelmente devido às constantes viagens e deslocamentos do casal pelos sertões.


Irmãos Conhecidos

  • Pedro Marinho de Barros

  • Marcos de Barros Correia Neto

  • Luiz Marreiros de Melo

  • João de Barros Correia


Maria José de Brito Fiúza

Maria José de Brito Fiúza, companheira de Antônio de Melo Falcão, era natural de Ipojuca, Pernambuco, nascida provavelmente entre 1697 e 1710.
Filha de Domingos de Brito Fiúza, natural da Vila das Alagoas (atual Maceió), e de Maria Barbosa, também de Ipojuca, pertencia a uma família ligada aos engenhos e freguesias do litoral sul pernambucano — região que abrangia o Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca e Alagoas. Essas famílias posteriormente migraram para o interior, acompanhando o movimento de expansão da colonização e da pecuária.


Descendência do Capitão Antônio de Melo Falcão e Maria José de Brito Fiúza

De acordo com registros históricos, genealógicos e plataformas colaborativas, destacam-se os seguintes filhos do casal:

1. Maria Catarina Sebastiana de Arendes

Nascida por volta de 1758, criada no Icó pelo Tenente-Coronel Antônio Fernandes Bastos e sua esposa, Cosma Maria.
Casou-se em 16 de abril de 1776 com o Sargento-Mor Manoel Alexandre Teixeira Mendes, unindo duas famílias influentes da região. Dessa união surgiu uma proeminente linhagem militar.

Filhos de Maria Catarina e Manoel Alexandre:

  1. João André Teixeira Mendes (17/03/1771 – c.1864) — casou-se com sua prima Maria Demétria do Coração de Jesus; foi Tenente-Coronel e é apontado como o ancestral da linha “Canela Preta”.

  2. Ana Macedo de Jesus Maria (Ana Maria Mendes) (28/06/1776 – 1809) — casou-se duas vezes: primeiro com Antônio Fernandes Pereira (1798), e, viúva em 1804, com o primo Manoel Alexandre Teixeira Sobrinho (1804).

  3. Tereza Teixeira Mendes — há registros de nascimento, mas sem dados sobre descendência.

  4. Padre Felipe Benício Mariz (22/08/1779 – c.1837) — ordenado em Olinda (1801), manteve descendência em união estável com Silvéria Joaquina de Queiroz.


2. Domingos Coelho Meireles Júnior

Batizado em 21 de maio de 1759, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Expectação do Icó.
Foi criado por Domingos Coelho Meireles das Neves e Manoela Martins dos Santos, que atuaram como padrinhos e pais adotivos.
Casou-se em 17 de setembro de 1775 com Inês Gomes, na Capela de Nossa Senhora das Candeias (Jaguaribe-Merim).


3. Capitão Luís Marreiros de Melo

Nascido em 3 de outubro de 1766, no Icó, Ceará.
Casou-se com Isabel Francisca do Espírito Santo.
Foi assassinado em Quixeramobim, em data não determinada.


4. Ana Maria de Melo

Casou-se em 25 de janeiro de 1783, na Vila do Icó, com Miguel Luís de Moura, natural da Freguesia da Boa Vista, Recife (PE).


5. Brites Maria de Melo

Apontada como filha de Antônio de Melo Falcão, foi esposa de João Ferreira da Silva, conform



Luiz Fernando Pereira de Melo em Crônica do Sertão do Apodi: Notas da Vila de Portalegre.


A Prática dos “Filhos Criados por Outras Famílias”

O caso de Maria Catarina e Domingos Júnior exemplifica uma prática comum no Brasil colonial: filhos eram frequentemente criados por famílias aliadas, fortalecendo alianças políticas, distribuindo encargos patrimoniais e preservando o prestígio social. No caso dos Falcão, tal prática pode também indicar a vida nômade do capitão em suas campanhas pelas terras do Ceará, levando consigo a companheira, enquanto os filhos eram deixados sob tutela de famílias de confiança.


Referências

  • Famílias Cearenses – Teixeira Mendes (Canela Preta) do Icó, Ceará. Disponível em: https://familiascearenses.com.br/?view=article&id=55. Acesso em: 11 out. 2025.

  • Geni.com – Perfis genealógicos de Maria Catarina Sebastiana de Arendes e descendentes.

  • FamilySearch – Registros paroquiais do Ceará e Pernambuco (1750–1800).

  • Arquivo Público de Pernambuco – Inventários e testamentos (séc. XVIII).

  • Nobiliarquia Pernambucana, de Antônio José Victoriano Borges da Fonseca. Coleção Mossoroense, Série C, vol. 819, 1992.

  • Engenho Megaípe de Baixo – sob a invocação de São Felipe e São Tiago – Genealogista Fábio Arruda de Lima.

  • Siará Grande – Uma Província Portuguesa no Nordeste Oriental do Brasil, de Francisco Augusto de Araújo Lima, vol. I, p. 51, 162, 399.


Notas Genealógicas Complementares

  1. Engenho Megaípe, fundado no século XVI, é mencionado em documentos holandeses de 1638; sua casa-grande possuía duas torres laterais.

  2. Luiz Marreiros da Costa (III) foi Senhor do Engenho Megaípe de Baixo e Capitão de Ordenanças da freguesia do Cabo, por patente de João da Cunha Souto Maior em 6 de novembro de 1685.

  3. Era casado com Juliana de Oliveira, filha de Julião de Oliveira, Capitão natural de Lenhoso, Comarca de Guimarães, e Maria de Abreu. Juliana era irmã de Dom José de Oliveira, Bispo de Angola, e neta do cavaleiro Francisco Camelo de Andrade.

  4. A linhagem completa de Luiz Marreiros pode ser consultada em: