quinta-feira, 15 de outubro de 2020

 



A SOCIEDADE DO ICÓ, CONFORME O ALMANAQUE LAEMMERT , EM 1910.

Nesta pesquisa feita no Almanak administrativo, mercantil, e industrial do Rio de Janeiro, edição B00067, podemos observar “QUEM ERA QUEM” no Icó no ano de 1910.

O que constatamos era a uma sociedade organizada, conforme os padrões jurídicos e administrativos da época, com suas bases econômicas centradas no comércio, na agricultura e criação de gado,  nos serviços e com duas indústrias, uma na fabricação de cigarros e três do descaroçamento do algodão, o principal produto agrícola e de exportação na região, que foi a maior fonte de riquezas. 

 Os nomes que aí figuram são os ancestrais de várias famílias que existem na cidade e outras que possivelmente não tem mais descendentes, mas que ficam as pistas para quem deseje desenvolver genealogias.

 O que se pode afirmar que estamos diante de uma sociedade machista e patriarcal, o que era o normal para a época, ficando a mulher relegada às tarefas domésticas, de fato que nem citadas são a profissões típicas do sexo feminino, tais como as costureiras, bordadeiras, lavadeiras e passadeira, carregadoras de água, dentre tantas, que escaparia o nome de uma Glória ou Janoca Dias, não citadas na publicação. O papel da mulher, na vida pública, ficava reservada à educação, com sete referências femininas, sejam como professoras (05) e criadoras de animais (02).

 Esclarecendo que “O Almanaque Laemmert (pelo título original, Almanak Laemmert) como é conhecido, denominado Almanak administrativo, mercantil, e industrial do Rio de Janeiro é considerado o primeiro almanaque publicado no Brasil”. Editado no Rio de Janeiro, entre 1844 e 1940, pelos irmãos Eduard e Heinrich Laemmert. Mas autores argumentam que o Almanaque da Bahia seja o mais antigo do Brasil.

 

Vamos aos achados:

 

ALMANAK ADMINISTRATIVO, MERCANTIL, E INDUSTRIAL DO RIO DE JANEIRO, EDIÇÃO B00067.

 

ICÓ:

 

Comarca e município do mesmo nome. Compõe-se dos Termos do Pereiro, Umary, acrescendo mais três districtos policiais. Revela que Icó é uma das mais, senão a mais bella, pitoresca e tradicional cidade do Ceará. Situada numa vasta planície à margem direita do Rio Salgado, a 50 léguas do littoral, representa ella papel importantíssimo na história pátria, já por ter sido a primeira cidade que quando o Brazil em peso se batia pela extinção da escravatura, declarou-o tão livre o coração do escravo como o coração do senhor - tomando depois parte activa na propaganda republicana, já por ter sido o berço de homens notaveis pelo seu talento, pelo seu heroismo, pelo seu valor civico. Icó produziu Araújo Lima, o juriscolsulto eminente que tanto engrandeceu a sciência do direito; o General Piragibe, o invicto saldado que, no pleito de honra que sustentamos contra o Paraguai, deu provas inconcursas de heroísmo e abnegação; Nogueira Accioly, o grande estadista e político, que dignamente preside aos destinos do Ceará, e muitos outros brasileiros ilustres que teem honrado o nosso paíz. Conta com 800 casas, inclusive 25 sobrados e diversos chalts e bem assim 5 templos majestosos e algumas capellas filiaes. Primam pela elegância, pela sua bella construcção e pelas comodidades que offerecem os seus edifícios publicos, que são os seguintes: casa de câmara municipal, importante sobrado com um andar e seis janellas de frente, sendo o pavimento térreo ocupado pelo destacamento e cadeia publica; um theatro, bello edifício que comporta 800 pessoas, uma casa de mercado e um cemitério público. O seu clima é quente, porém saudável. População 20.000 almas.

 

Administração municipal:

Intendente: Alexandre José Fernandes.

Presidente: Manoel Nogueira Rabello.

Vice-presidente: Manoel Franklin de Albuquerque e Mello.

Secretário: José Francisco Magalhães.


Vereadores:

Camito Fernandes de Medeiros.

Illidio Odorico de Sampaio;

Joaquim Gomes de Mello.

José Raymundo Ferreira.

Manoel Magalhães.

Manoel Peixoto de Medeiros.           

 

Thesoureiro:

João Pinto Nogueira.

Procurador:

Joaquim Peixoto de Medeiros.

Fiscais:

Aprígio Nogueira Rabello.

Raymundo Rufino de Lima.

Theophilo de Amorim Lima.


Zelador do Cemitério:

Antonio Cosme de Lima.

Zelador do Mercado:

Henrique Pinto Nogueira.

Zelador do matadouro:

Manoel Emyglio Alexandrino.

Porteiro:

Manoel Alexandre dos Santos.

Carcereiro:

Vicente de Araújo Braga.


Administração judiciaria:

Juiz de direito: Dr. Bianor Carneiro Fernandes de Oliveira.

Juiz substituto: Romeu Estellita Cavalcanti Pessoa.

Promotor: Fructuoso Agostinho Dias.

Substituto do Juiz seccional: José Raymundo Ferreira.

Escrivão de orfhãos: José de Sá Villaronca.    (sic)

Escrivão do cível: Bernardo Pinto Brandão.

Escrivão do registro civil: Gil Teixeira de Medeiros.

Tabelliães:

Bernardo Pinto Brandão

José de Sá Villaronca.     (sic)

 

Administração Policial

Delegado: Raymundo Ferreira Lima, ten.

 

Instrucção publica:

 Professoras publicas:

D. Anna Teixeira de Sousa Ribeiro.

D. Antonia Rolim de Medeiros.

D. Felicidade de Albuquerque Campos.


Professores particulares:

João Antonio de Moura.

José Teixeira de Medeiros.

D. Senhorinha Dias Bastos.

 

Colletorias

Colector federal: Arthur Vieira Dias.

Escrivão: José Francisco Magalhães.

Collector estadual: Godofredo Fernandes Bastos.

Escrivão: Pedro Felippe Marinho.



Correio:

Agente: Miguel Fernandes de Medeiros.

Estafetas:

Antonio Félix Tetéa.

José Francisco da Costa

Vicente Ferreira Vianna,


Religião:

Monsenhores:

Dr. Francisco Ferreira Anthero, padre.

Manoel Francisco da Frota, Monsenhor.

Manoel Hermes Monteiro.

Vigário: Raymundo Hermes Monteiro, padre.


Commercio:


Negociantes de fazendas:

Agostinho Nogueira & Sobrinho.

Alexandre José Fernandes & Ciª.

Antonio Amaro da Costa.

Antonio Pereira da Graça.

Antonio Vieira de Carvalho.

Antonio de Sousa Ribeiro.

Carneiro & Monteiro.

João Baptista Carneiro.

José de Guimarães Caminha.

José Vieira de Carvalho.

José Raymundo Ferreira.

Leônidas Ribeiro Campos.

Manoel Coelho de Oliveira

Manoel Franklin A. Mello.

Marcial Teixeira Pequeno.

Miguel Fernandes de Medeiros.

Walfrido Carneiro Monteiro.

 

Negociantes de generos

Antonio de Sousa Sobral.

Bernardino da Costa Moreira.

Domingos Fernandes de Medeiros.

João Pinto Nogueira Neto.

Joaquim Villaronca. (sic)

José Lourenço da Silva.

José de Araújo Costa.

José Hermínio Teixeira.

Miguel Henrique de Almeida.

Moysés Francisco de Borges.

Raymundo Francisco da Rocha.

Ricarte Pereira da Silva.


Negociantes de molhados:

Agostinho Medeiros & Cia.

Agostinho de Sousa Marinho.

Antonio Luiz Gonçalves Viana.

Arthur Vieira de Carvalho.

Carlos Ernesto Bezerra.

Cândido Monteiro.

Canuto Fernandes de Medeiros.

Francisco Antonio Vieira.

Fructuoso Fernandes de Medeiros.

Geremias de Sousa Milhomem.

João de Sousa Sobral.

José Joaquim de Moura.

José Pinto Nogueira.

Lafayette Fernandes de Medeiros.

Manoel José do Monte,

Manoel Peixoto de Medeiros.

Manoel Roberto de Alencar,

Manoel de Sousa Sobral.

 

 

Profissões:

 

Advogados:

Ernesto Cândido de Lima Bezerra.

Joel Teixeira de Medeiros.


Alfaiates:

Francisco Gonçalves da Silva.

Paulo Antonio dos Santos.


Ferreiros:

Benjamim da Silva.

Manoel Tebaça.

Pedro Machado.


Funileiros:

Joaquim de Azevedo Villarouca.

Vicente de Araújo Braga.


Marceneiros:

Ernesto Tomaz de Aquino.

João Félix da Silva.


Seleiro:

João da Silva Pereira.


Médico:

Dr. Ingnácio de Souza Dias.


Ourives:

Firmino Augusto de Medeiros.

Manoel Cândido de Moura.


Pedreiros:

Antônio Alexandre do Nascimento.

Ernesto Pereira Simões,

Francisco Gonçalves de Amorim.


Fharmacêutico:

Illídio Osorio de Sampaio.   (sic)

 

Sapateiros:

Agostinho de Oliveira.

Antônio Baptista

Industrias:


Fabrica de cigarros:

José Bento de Oliveira Rolim.


Vapores de descaroçar algodão:

Alexandre José Fernandes.

José Raimundo Ferreira.

Manoel Franklim  A. Mello.    (sic)



Agricultores e lavradores:

Antônio da Cunha Angelim.

Antônio Lopes.

Bernardino José de Amorim.

Casimiro de Araujo Silva.

Emiliano José de Freitas.

Honorio da Sousa Milhomem.

João Facundo de Menezes.

Joaquim Felizardo.

José da Motta Barros.

Joaquim Felizardo.

José Baptista da Silva.

José Vicente Ferreira.

Manoel Freire de Mattos.

Manoel Nunes de Almeida.

Manoel Moreira de Sousa.

Manoel de Moura.

Manoel Nicoláo.

Miguel do Laboliço.

Pedro de Castro.

Raymundo de Oliveira.

Vitcal de Freitas Saraiva.


Criadores:

Alexandre José Fernandes.

D. Anna Dias Carneiro.

Antônio Teixeira Pequeno.

Antonio Pinto Nogueira Brandão.

Francisco Pereira Curado.

Francisco Ferreira, padre.

Dr. Ignácio de Souza Dias.

Illidio Osório de Sampaio.

D. Jacintha Brandão.

Joaquim Gomes de Mello,

Dr. José da Boaventura Bastos.

José Ferreira Antéro. (Sic)_

Jovino Pinto Nogueira.

Manoel Francisco da Frota.

Manoel Franklin de Albuquerque Mello.

Walfrido Carneiro Monteiro,

Viúva de Balduíno Ramos de Medeiros.¹



Capitalistas

Francisco Pereira Curado.

Dr. Ignacio de Souza Dias.

Dr. José de Boaventura Bastos.



(Pesquisa e edição de Washington Peixoto Vieira, em 10 de outubro de 2020,  com revisão de Ivanoé Pereira Júnior)

 

Obs. As grafias estão como o original se apresenta, incluindo nomes e sobrenomes,  sem atualizações ortográficas.


Icó antigo. Foto: Arquivo Iphan/João José Rescala


 

 Fonte:< http://memoria.bn.br/DocReader/Hotpage/HotpageBN.aspx?bib=313394&pagfis=44408&url=http://memoria.bn.br/docreader#>


 

 


sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

CONTOS PARA QUEM É CRIANÇA E PARA QUEM DEIXOU DE SER: O MENINO E A BORBOLETA

Muito distante daqui havia uma aldeia.
A aldeia ficava no meio das montanhas, rodeada de florestas, riachos, pássaros e borboletas.
Ali o sol demorava a chegar pelas manhãs e ia embora logo cedo.

Naquela aldeia havia um menino sonhador. Ele falava com as matas, com os riachos, com as borboletas.

Sempre que o menino queria sonhar ou estava pensativo, ou triste ele saia de sua cabana e ia sentar-se à beira do pequeno riacho.

O menino sonhava em sair da aldeia, visitar, morar em países, em aldeias distantes.

Naquela aldeia, pensava, não lhe cabia mais.
cansado do dia a dia, das pessoas que só “pensam em nascer, em morrer”. Queria conhecer novas pessoas, brincar com novos amiguinhos, queria saber de novas histórias. Parecia que tudo ali era pequeno!

Certo dia, sentado na beira do riacho, estava calado, pensativo, quase taciturno. Parecia que não ouvia mais o som das florestas, o canto dos pássaros, era como que todo o encanto de sua inocência tivesse se perdido. Estava triste.

De repente, surgiu a sua frente uma bela borboleta amarela.

- O que tens, meu menino, porque estás triste? O que te incomoda?

Perguntou-lhe a borboleta.

- Ah, borboletinha, estou triste porque não posso voar. Não posso ser como você que voa para onde quer, podes conhecer o mundo. Eu nada posso, fico apenas nesta minha aldeia, vendo as mesmas coisas. Queria conhecer o mundo!

A borboletinha, pensou, pensou e lhe respondeu:

- Não fique triste, você também pode ter asas. Sabia? Venha comigo que eu lhe mostrarei uma coisa.

Assim, a borboleta ia voando, voando e o menino atrás dela. Até que chegaram a um campo, na clareira da floresta. Então ela baixando-se, mostrou-lhe uma folhinha verde onde havia botados os seus ovinhos. Não havia mais ovinhos, somente lagartinhas, que se mexiam por sobre as folhagens.

- Veja, são meus filhotes! Não são belos?

Qual susto o menino não tomou, ao ver aquelas lagartinhas. Imaginava que veria uma infinidade de borboletinhas amarelas...

- Isso não são borboletas – disse-lhe, são lagartas!

Ao que ela retrucou.

- São borboletas em fase de crescimento, elas já foram ovos, larvas, crisálidas e em breve criarão belas asas e voarão pelo mundo! Assim são as borboletas, elas passam permanentemente por fases de transformação, até que dia, quando adultas, poderão seguir o seu caminho, voar por outros campos, outras matas, ir para longe, fecundando as flores, ou ficar em sua mata nativa, dando vida à natureza, encontrando sua própria lenda.

O menino encantou-se, com as palavras de sua amiguinha, e assim compreendeu que precisava deixar de ser um casulo resmungão, deixar que as asas de sua imaginação crescessem, assim ele poderia, como as lindas borboletas, voar para onde bem quisesse, livre, e buscar o seu próprio sonho, sua lenda pessoal, mesmo que fossem nas flores de seu próprio quintal, de sua própria aldeia.

Assim, ele voltou alegre para casa e esperou que o tempo lhe desse asas para voar!


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CONTO CRIADO POR WASHINGTON LUIZ PEIXOTO VIEIRA, COM DIREITOS AUTORAIS NA FORMA DA LEI Nº 9.610/98- SE COPIAR CITE A FONTE

ESTÓRIAS PARA QUEM É CRIANÇA E PARA QUEM DEIXOU DE SER: A TRISTEZA DAS FLORES DE MENTIRA

Faz alguns anos que conheci um Mago. Era um Mago extraordinário. Falava de flores, de montanhas, de gente, de Deus, com uma familiaridade de quem os conhece na intimidade.

Era um sábio!
.Hoje ele habita lá no horizonte, onde os nossos olhos não conseguem ver.

Certa vez esse mago escreveu sobre o maior desejo das flores de plástico, aquelas belas flores que enfeitam por anos as nossas mesas, as nossas estantes, tão prestativas mas não são flores são apenas plástico com forma de flor....

Pobrezinhas nunca sentiram, por uma vez só que fosse o orvalho das manhãs, o nascer do sol! Sentir a vida!

Oh, quanto dissabor as pobrezinhas não padecem..... que sentimento de inveja e revolta elas não sentem, quando em dias especiais são substituídas por flores de verdade e levadas para os quartos de despejo, enquanto as flores de verdade, efêmeras, reinam apenas por algumas horas e fenecem....

Mas, elas não passam de flores de plástico, artificiais, não tem vida própria. São pura imitação!

Como será triste ser uma flor, uma rosa, um lírio de plástico.... Oh, como é triste...

.TEXTO DE WASHINGTON LUIZ PEIXOTO VIEIRA E COLABORADORES, COM DIREITOS AUTORAIS NA FORMA DA LEI Nº 9.610/98- SE COPIAR CITE A FONTE, EDITADO ANTERIORMENTE COM PEQUENA ALTERAÇÃO http://iconacional.blogspot.com/2009/09/as-flores-de-plastico.html