Não escutes a minha voz:
Ela é apenas a amargura
Do coração de um guerreiro!
Não olhe para as minhas lágrimas:
Elas são apenas o resto do pranto
Pela partida do amigo!
Quisera ser Zeus e raptar-te antes da morte
Ó meu Ganímedes,
Talvez eternamente alimentásseis aos deuses
E aos homens com o néctar da imortalidade,
Mas sou apenas um guerreiro que sofre
A partida daquele que mais amava!
Meu amigo, meu amado.
Quis o destino, ó Babilônia
Que tombasse ali, seu corpo inerte
Que transformei em divino herói
Edifiquei templo, culto:
Ò minha idolatria em forma de carne.
Que me vale Grécia, Pérsia, os mares e os desertos?
Partiste, estou só.
Com quem partilhar os meus sentimentos
Os meus segredos a minha solidão?
Com quem brincar de guerra
Lutar com Ares
Filosofar, cair nos braços de Afrodite ou Baco
Prefiro ser um Narciso nos campos de Apolo
Sou sombras de mim mesmo
Ó Hermes, não me avisaste!
Prefiro a morte, andar pelo Vale de Hades
A ver-me só sem o meu amigo!
Sou Alexandre, o Grande, o Imperador da Macedônia
Mas não sou nada sem ti ó amado Heféstion.
Poesia de Washington Peixoto, inspirada em Alexandre da Macedônia e seu amigo Heféstion. Clássicos da cultura grega (publicada em julho de 2010, reeditada. Imagem: Internet)
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